quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eu sou estranha

Pensei em escrever no Twitter sobre isso, mas sou prolixa demais e o número máximo de caracteres permitidos não seriam suficientes.

Dia desses na aula de inglês fizemos um teste sobre inteligências (isso mesmo, no plural). Era algo bem diferente do habitual teste de QI, que se limita a dizer se você é inteligente ou não. Esse teste mostra que tipos de inteligências você possui e como usá-las para o aprendizado.

Qual não foi minha surpresa ao constatar que eu possuo duas inteligências completamente distintas e opostas: a interpessoal e intrapessoal.

Ou seja, eu gosto de trabalhar em grupo e sozinha, participo e não participo ativamente de discussões em classe, vivo no meu mundo, me conheço bem e sei o que quero e ao mesmo tempo adoro festas e tenho vários amigos com quem converso bastante.

(Não sou eu que estou dizendo isso, é o resultado do teste, ok?)

Uma colega virou pra mim e disse: Você é estranha!

Fui embora com aquilo na cabeça. ESTRANHA, EU? IMAGINA… (em tom de sarcasmo). E mais uma vez tive a prova que sou completamente contraditória. Não no sentido de agir de forma contraditória, do tipo ‘façam o que eu falo mas não façam o que eu faço’, mas sim de viver numa montanha russa louca, de ter dias que eu quero voar e dias que não quero ver ninguém. (Calma, não sou bipolar não, só estranha mesmo… hehehe). Vai entender…

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Felizes os medíocres!

 

Felizes os medíocres! Que se contentam com a vidinha. Que são felizes com a sua rotina, com seus maridos e esposas de 30 anos e o trabalho como funcionário público do qual estão prestes a se aposentar. Eles adoram a segurança de saber como será o dia. Fazem lista de seus afazeres desisteressantes. Limitam-se a fazer os programas mais sem graça possível e adoram isso. Se divertem de verdade com o piquenique no parque da cidade ou com o passeio no zoológico. Eles são realmente felizes!

Já os outros sofrem. Principalmente se são obrigados a conviver com toda essa mediocridade. E eles invejam os medíocres, de sua felicidade inocente e real. Da sua total falta de sonhos grandes e impossíveis, dos seus questionamentos intermináveis, dos seus anseios petulantes.

Uma vez aprendi na faculdade sobre fruição, que cada pessoa é capaz de interpretar o que quiser diante de uma obra de arte, um quadro, um livro, uma música ou um filme. Tudo depende de sua bagagem cultural, sua intuição, sua história, misturado aos sentimentos e pensamentos daquele exato momento que está ‘apreciando’ a obra. Às vezes o fruidor vê algo totalmente diferente do que o próprio autor da obra quis mostrar.

Eu estou dizendo tudo isso porque hoje assisti “La Dolce Vitta”, de Fellini. Estupendo! Não sei se em outro momento da minha vida eu teria entendido ou sentido algo diferente. Para o autor de “O clube do filme”, o ator principal, Marcello, toma decisões erradas na sua vida e praticamente a estraga. Não vi assim. Para mim, Marcello tem medo de se tornar um comum, de levar uma vida certinha, com esposa, casa e filhos, ao mesmo tempo em que sente inveja de um amigo que tem tudo isso. Assim, ele mantem-se perto e se afasta de Ema, sua noiva, numa relação bastante conturbada. É uma luta interna e eterna. Viver uma vida fútil e excitante ou se enterrar numa vidinha perfeitinha? Seguir ou não o inesperado conselho de seu amigo ‘certinho’: “é melhor viver uma vida miserável a viver uma vida cheia de burocracia e paredes”?

Dúvidas e mais dúvidas!

sábado, 1 de agosto de 2009

Marinheira de primeira viagem

buena

Depois de um dia conturbado pela chuva, que alagou ruas e deixou o trânsito ainda mais caótico na capital baiana, minha editora me liga para passar uma pauta. Ela me dá poucos detalhes, apenas que eu faria a cobertura para a Revista Yatch da chegada do Navio Veleiro Cisne Branco, da Marinha Brasileira, que atracaria em Salvador no dia seguinte, às 7h da manhã. Até então, minha experiência náutica se resumia a passeios de escunas e jacarés em ondas na beira da praia.

Na manhã seguinte, acordo para a matéria e vejo que as chuvas do dia anterior não tinham parado. O céu estava ainda mais cinza e os ventos mais fortes. Bom, penso comigo, começou a minha aventura!

E não me arrependi nem um pouco. Foi uma experiência única, a começar pela chegada até o navio. Uma lancha da Marinha nos pegou na Capitania dos Portos para nos levar até o veleiro que aguardava a minha chegada para prosseguir com a atracação. No meio do caminho, porém, o motor esquentou muito e tivemos que parar para que outra lancha viesse nos resgatar. Ficamos mais de dez minutos a deriva na Baía de Todos os Santos com o mar se mexendo muito. Olhar para o horizonte e torcer para que o “resgate” chegasse logo era tudo que eu podia fazer.

Devidamente salvos, continuamos. Da lancha já dava para avistar o Navio. Parecia coisa de filme! Todo branco e imponente, com a bandeira do Brasil em destaque e seus três mastros e muitas velas (infelizmente fechadas). Me senti próxima a uma caravela dos tempos de Cabral.

Passado o deslumbre, uma nova dificuldade foi tentar deixar a nossa lancha o mais próxima possível para que pudéssemos subir no navio. O mar permanecia muito agitado. Foi um sufoco, tanto que foi necessário dar uma volta em torno do navio. O primeiro a subir foi o fotógrafo, depois eu. Até que foi fácil. Acho que não pensei muito, simplesmente fui, com a cara e a coragem. Uma das tripulantes da lancha não conseguiu e voltou para a Capitania dos Portos de lancha mesmo. Por último, subiu o Capitão de Fragata Eron Gantois Marçal, que me acompanhou em toda a visitação.

Já a bordo, fui recebida (muito bem recebida, por sinal) pelo Comandante do Cisne Branco, o Capitão de Mar e Guerra Flávio Soares Ferreira. Ele me conta que o Navio Veleiro tem duas tarefas principais. A primeira é representar a Marinha do Brasil em grandes eventos náuticos, tanto nacionais quanto internacionais, e levar a tradição e cultura brasileiras. A outra é ajudar a formar o jovem pela arte de velejar, permitindo que alunos, tanto da Escola Naval como universitários e estudantes do ensino médio, embarquem no Veleiro. Ele também explica que o Navio zarpou do Rio de Janeiro em 30 de abril para uma viagem de instrução e representação pela América do Norte e Europa, sendo sua primeira parada o Porto de Salvador. O Navio deve passar por outros 16 portos até voltar ao Rio de Janeiro em 28 de outubro.

Logo, o comandante é chamado para iniciar a navegação e outro oficial fica responsável em me mostrar o Navio. Com muito didatismo e paciência, ele vai me ‘apresentando’ o Cisne Branco. Ele me mostra primeiramente a parte externa do navio, explicando onde é a proa, a popa, o convés, o tombadilho, a sala de comando, entre outras características e curiosidades. Também diz que o navio possui cerca de 18 km de ‘cabos’ (Nunca diga ‘corda’ para um marinheiro, ele não vai entender!). Depois me mostra toda a parte interna, onde ficam os quartos, a cozinha, a enfermaria, a ‘sala de estar’ dos oficiais e demais aposentos que acomodam os 76 tripulantes. Ele me apresenta também um espaço reservado à réplica da Nossa Senhora da Boa Esperança, a Santa dada a Pedro Álvares Cabral quando ele embarcou para o Brasil. O curioso é que essa réplica foi feita pelos descendentes dos mesmos artesãos que fizeram a original, em Portugal.

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O dia ainda está chuvoso, mas dá uma trégua quando estamos quase chegando ao Porto de Salvador. O Comandante, então, vai pessoalmente cuidar da atracação do Navio, dando todas as coordenadas para que tudo ocorra da melhor forma possível. Nesse momento, todos os tripulantes vão ao convés, em uma mostra que aquela é uma visita cordial.

Ao atracar no Porto, o Comandante recebe o Chefe Militar do 2° Distrito Naval da Marinha, o Vice-Almirante Arnon Lima Barbosa, e o Capitão dos Portos da Bahia, Moniz de Aragão. A bordo, todos se reúnem na aconchegante ‘sala de estar’ dos oficiais para uma confraternização. Lá, o Comandante Flávio me diz que voltar a capital baiana é sempre uma excelente oportunidade para rever alguns colegas da Marinha, já que serviu em Salvador em 87, 88 e 89. Ele conta, inclusive, que sua filha nasceu em terras soteropolitanas, o que o deixa muito orgulhoso.

Mas se você pensa que tudo acabou por aí, enganou-se. Para fechar com chave de ouro essa minha aventura marítima, na noite seguinte houve uma festa no Navio, onde foram servidos peixes, frutos do mar e comida típica baiana, com música brasileira de excelente qualidade (a banda é composta por tripulantes do Cisne Branco) e convidados ilustres, entre os quais o Comodoro Marcelo Kruschewsky e alguns diretores do Yacht, que foram prestigiar a passagem do Navio Veleiro Cisne Branco pelo Porto de Salvador. Também ouço comentários de que a cantora Margareth Menezes estaria a bordo, mas na parte interna da embarcação, onde somente os altos oficiais têm acesso.

Durante a festa, mais uma história interessante contada pelo Comandante Flávio, como sempre muito simpático e atencioso. Perguntado se o Navio chegava a velejar apenas com as velas, ele diz que sempre que o vento está favorável, ele opta por esse sistema. “É muito mais gostoso de velejar”, diz.

Mesmo tendo ‘velejado’ apenas por pouco tempo, me considero uma pessoa privilegiada por ter tido a oportunidade de estar no Navio Veleiro da Marinha do Brasil Cisne Branco no dia 7 de maio. Já me disseram que a próxima matéria será num submarino! A conferir.

Histórias e curiosidades

  • Com sua silhueta inspirada na dos “Clippers” do século XIX, o Cisne Branco foi construído em 1998 em Amsterdã, Holanda, e entregue em 4 de fevereiro de 2000. No Rio Tejo, foi incorporado à Marinha do Brasil a 9 de março do mesmo ano, exatamente 500 anos após a partida de Pedro Álvares Cabral.
  • O Cisne Branco foi construído baseado na idéia de que tivesse todos os sistemas de tecnologia avançada, realizando, porém, todas as manobras de convés e vela exatamente como ocorriam no século XIX, mantendo assim as mais antigas tradições da marinharia.
  • Em 2000, o Navio participou das comemorações relativas aos 500 anos de Descobrimento do Brasil, realizando a travessia do Oceano Atlântico exatamente como Pedro Álvares Cabral havia feito.
  • Uma moeda de 100 Réis cunhada em 1939 com a imagem do Almirante Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil, foi assentada na base do mastro principal durante sua construção. Essa tradição naval tem sua origem em uma antiga lenda grega, na qual a moeda serviria para o pagamento da figura mitológica encarregada de realizar o transporte das almas dos tripulantes para o paraíso.

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(Matéria publicada na Revista Yacht de Maio/09)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Amigo

Cara, amigo é uma das melhores coisas da vida! Faz bem a nossa alma!
E eles fazem muita falta, muita mesmo.
Já me disseram que amigo é a família que a gente escolhe, e eu concordo completamente.
Parece que quando estamos com um amigo, tudo fica melhor. Eles dão sanidade ao nosso cotidiano burocrático e chato. E mesmo quando a gente fica muito tempo sem se ver ou até se falar, quando acontece, parece que 'foi ontem'.
O que seríamos de nós sem esses seres insubstituíveis?

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O que eu faço?

O que eu faço com essa vontade de viver que me sufoca?
O que eu faço com essa vontade de pegar o carro (ou um avião, se puder) e explorar um lugar novo?
O que eu faço com essa vontade de extrapolar os limites?
O que eu faço com essa vontade de ser surpreendida pela vida?
O que eu faço com esse tempo que me sobra e eu tenho a impressão que estou desperdiçando?
O que eu faço com essa ânsia de aprender mais (mas não nos livros ou na internet)?
O que eu faço com essa vontade de dançar e andar na praia?
O que eu faço com essa vontade de ficar conversando até de madrugada?
O que eu faço?

Acho que vou dormir...

sábado, 30 de maio de 2009

Eu queria tanto...

Um criado mudo do lado da minha cama, para colocar minhas bagunças Dar uma repaginada no visual (vide: cortar o cabelo)
Trocar o meu guarda-roupa, se possível, TODO
Mas se não der, queria pelo menos comprar aquele sapato preto maravilhoso
Viajar, conhecer um lugar novo
Saber quando se usa o Simple Past e o Present Perfect nas frases em inglês
Uma massagem relaxante completa, dos pés à cabeça
Que minha mãe viesse para Salvador
Comer uma salada especial, bem variada
Praticar uma atividade física empolgante (nada de academia e musculação)
Que algumas coisas não estivessem acontecendo

Ok, ok... eu queria tantas outras coisas, ir pra Europa, fazer uma festa de casamento, ler mais, dormir menos, ganhar mais dinheiro, emagrecer, fazer compras no shopping sem perguntar o preço, passar o dia num salão de beleza... mas só essas já me fariam muito feliz!

sábado, 9 de maio de 2009

Mundo Moderno


Chico Anysio

Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio – maior maldade mundial.

Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.

Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.

Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.

sábado, 25 de abril de 2009

Vale a pena ouvir

Uma das melhores músicas que ouvi nos últimos tempos...

Ópio, de Zeca Baleiro

"Eu não quero ver
Você cuspindo ódio
Eu não quero ver
Você fumando ópio
Prá sarar a dor
Eu não quero ver
Você chorar veneno
Não quero beber
O teu café pequeno
Eu não quero isso
Seja lá o que isso for...
Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo
Acenando tchau...
Não quero medir
A altura do tombo
Nem passar agosto
Esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
É o beijo
Eu não quero ter o tédio
Me escorrendo das mãos...
Quero a Guanabara
Quero o rio Nilo
Quero tudo ter
Estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo
Água e sal...
Nada tenho
Vez em quando tudo
Tudo quero
Mais ou menos quanto
Vida, vida
Noves fora zero
Quero viver, quero ouvir
Quero ver...(2x)
Se é assim, quero sim
Acho que vim prá te ver..."

quinta-feira, 26 de março de 2009

Cadê a originalidade?

Quem acompanha o mundo da sétima arte deve ter notado que a originalidade dos filmes está se tornando cada vez mais uma raridade. Ou são refilmagens, ou são adaptações de outros meios (livros, quadrinho, séries de TV), ou são continuações, tanto de filmes recentes como antigos, ou ainda recortes de outros filmes, como é o caso de Wolverine, um dos personagens principais de X-men e que agora vai ganhar uma produção só sua.
Sim, tem coisa boa por aí. Watchmen, por exemplo, arrasou! Mas... Precisa tanto? Acho um exagero...
A pergunta que não quer calar: será que já foi dito tudo no cinema ou tá faltando criatividade e originalidade mesmo? Ou ainda: é o expectador que gosta desse tipo de filme ou como não tem opção, assiste assim mesmo (a boa e velha questão da bolacha Tostines)?
Independente de tudo, assistir um bom filme é sempre revigorante e eu, como boa cinéfila e viciada em filmes, recomendo! Mesmo as refilmagens, adaptações e continuações...
Bom filme!

domingo, 15 de março de 2009

De quem é a culpa?

 

Hoje, enquanto eu estava zapeando pelos canais de TV, vi um senhor (acredito que israelense) dizendo algo como:

- Eu acredito que um dia teremos um país em paz. O homem já descobriu tantas coisas incríveis sobre o universo, já aprendeu tantas coisas sobre tecnologia, só não entendo como ainda não conseguiu achar um método para estudar e encontrar a paz…

Isso ficou martelando na minha cabeça! Realmente… só estando lá para saber o que isso significa.

Aproveito a oportunidade para colocar uma imagem que eu achei num blog muito interessante.

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A tradução é mais ou menos assim:

“VOCÊ

Pega minha água

Queima minhas oliveiras

Destrói minha casa

Toma meu trabalho

Rouba minha terra

Prende meu pai

Mata minha mãe

Bombardeia meu país

Nos mata de fome

Nos humilha

MAS

Eu sou culpado: um atirei um foguete de volta”

 

O que dizer disso tudo? Quem está certo, israelenses ou palestinos? Existe um culpado nessa história?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fã de Watchmen, quem diria…

 

“Nada chega ao fim. Nada.” – by Alan Moore, in Watchmen.

Acabei de ler a considerada melhor Graphic Novel de todos os tempos. Genial! Mesmo para mim que sou totalmente leiga no assunto.

Amanhã estreia (ops, ordens da nova regra ortográfica) o filme baseado no quadrinhos. Vamos ver… Minhas expectativas são grandes e isso não é muito bom. Ou é?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Cruzeiros em alta

 

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Viajar com a família, com os amigos ou conhecer gente nova: tem navios e roteiros para todos os gostos

“Fazer um Cruzeiro é uma experiência única”. Assim define a fisioterapeuta Maria Amália Moreira, 24, que embarcou numa viagem de navio que percorreu a costa brasileira no ano passado. “Fui com duas amigas e nos divertimos muito. Conhecemos pessoas interessantes e diversos lugares diferentes. Foi maravilhoso. Agora quero fazer um Cruzeiro internacional”, diz. Já a empresária Marisa Vergili Hannikel, 46, que vai embarcar no Navio Mistral em dezembro e passar o Reveillon com sua família em alto mar, está empolgada com seu primeiro Cruzeiro. “Nossa expectativa é muito grande, estamos todos muito ansiosos. Também será uma viagem em família e a comemoração em grande estilo da volta de uma de minhas filhas do exterior, onde passou seis meses estudando”, conta.

A procura por Cruzeiros, principalmente os pelo litoral do Brasil, tem aumentado cada vez mais, tanto por brasileiros, como também por estrangeiros. “Esse aumento da procura pode-se justificar tanto pela diversidade de atrações que se encontram no navio, como também pela possibilidade de visitar outros destinos, pessoas e atrações em uma viagem que se difere das viagens convencionais”, afirma Alice Gomes, da agência de viagens Anabella. Prova disso é o aumento da temporada que os navios permanecem na América do Sul, que hoje se estende entre novembro e abril. Para a temporada 2008/2009, nada menos que 11 navios estrangeiros estão em águas brasileiras. Os embarques são realizados nos principais portos do país, como Santos, Rio de Janeiro e Salvador.

Com o crescimento da procura por Cruzeiros, cresceu também a quantidade de roteiros e seus segmentos. Segundo Alice, hoje em dia existem embarcações para qualquer tipo de público. “Para os jovens há os Cruzeiros de carnaval ou temáticos, com atrações de shows, música eletrônica e DJs, sem falar no famoso e bastante procurado Cruzeiro universitário, cuja procura costuma ter lista de espera. Há também os mais tranqüilos, destinados a pessoas com mais idade, geralmente mais longos e com roteiros que incluem Buenos Aires, Uruguai, Chile. Cruzeiros românticos, com destinos aconchegantes, também são muito procurados por casais em Lua de Mel, assim como os roteiros destinados à família, cujas atrações incluem atividades de recreação para crianças”, aponta.

O custo-benefício também tem sido um dos grandes atrativos do público que gosta de viajar. Segundo o diretor e um dos sócios da Alcance Operadora, Luis Zelada, a maioria dos navios oferecem pensão completa. “Quando o cliente compra um pacote, já estão incluídos alimentação, hospedagem e transporte. A pessoa só precisa levar dinheiro para pagar as bebidas e atividades extras e para gastar em cassinos e free shopping, a depender do navio”, afirma Zelada. Esse foi um dos motivos que levou a empresária Marisa a escolher um roteiro em alto mar nessas férias. “Decidimos por um Cruzeiro porque analisamos que o custo é o mesmo de uma viagem que inclui passagem aérea, porém se fôssemos para qualquer outro lugar ou conhecer outras cidades, teríamos que alugar um carro e gastaríamos muito mais. No cruzeiro nós vamos para vários lugares diferentes enquanto ficamos dentro de um ‘hotel’ com tudo: academia, jogos, restaurantes de vários tipos, danceterias e várias outras opções”, explica. 

Para aqueles que ainda não planejaram suas férias, Zelada, da Alcance Operadora, representante exclusivo da Companhia MSC Cruzeiros na Bahia e Sergipe, avisa que ainda dá tempo, principalmente para pacotes de Carnaval. Nesta temporada, a operadora está com três navios disponíveis: o Ópera, o Sinfonia e o Música, este último inclusive apadrinhado pela ‘rainha dos baixinhos’, Xuxa Meneghel. Para a temporada 2009/2010 a empresa já tem programado mais dois navios, além dos três deste ano. Os interessados já podem começar a programar sua viagem para o próximo ano. Inclusive, Zelada afirma que os clientes que compram os pacotes antecipadamente levam muita vantagem, entre elas descontos de até 25%, maiores prazos e o término do pagamento antes de viajar, na maioria das vezes.

Companhias de Cruzeiros

As principais companhias de Cruzeiros são a Royal Caribbean, Costa Cruzeiros, MSC Cruzeiros, Island Cruises e CVC. Cada uma possui diversos tipos de roteiros e navios. Estes se divergem apenas por alguns detalhes, mas todos possuem uma mega estrutura. Na maioria dos navios encontram-se piscinas, restaurantes, bares, boates, spa, centro de beleza, cassinos, academias, quadras de esportes, salão de jogos, cabines de luxo, zonas de internet e até lojas.

(Texto publicado na edilção de dezembro do jornal Nosso Bairro – www.canal2.com.br/nossobairro)

terça-feira, 3 de março de 2009

Que venha 2009!

 

E o ano começou...

Depois de muito carnaval na terra do carnaval, que venham as preocupações, as contas, as dívidas, as novas buscas, as descobertas, os desentendimentos, as brigas e tudo o que vier.

Será que vai dar para colocar todas aquelas idéias em prática que a gente faz na virada do ano? Tomara que sim… A esperança nos alimenta.

É bom não saber o que vem por aí, mas não saber demais é demais. Dá medo. Trava a gente um pouco. A gente se acomoda demais. Fica esperando demais a boa vontade dos outros. Arruma desculpa para tudo. São muletas demais para a gente se apoiar. Vamos tentar esquecer essas muletas. É um dos planos de ano novo…

Bom 2009 para todos!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Descobrindo Itacaré

Paraíso bucólico de morros cobertos por Mata Atlântica no litoral baiano

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A maioria dos baianos conhece ou já ouviu falar em Itacaré. Apesar disso, esse pequeno pedaço de paraíso no litoral sul da Bahia ainda tem muito a ser descoberto e explorado. O ambiente bucólico e “rústico chique” se mistura às belezas naturais únicas do lugar, que acolhe quem chega à pequena cidade turística localizada na Costa do Cacau, a 455 km de Salvador.

A charmosa cidade, que até os anos 80 foi referência no cultivo de cacau, sua principal fonte de renda até então, é uma sucessão de praias e morros cobertos por Mata Atlântica e coqueirais. Suas belezas naturais atraem turistas de todo o mundo, de mochileiros a milionários, que podem encontrar tranqüilidade ou aventura (ou ambos), a depender do perfil de cada um.

Em Itacaré menos é mais, e a exclusividade é o grande talismã para conquistar os turistas mais endinheirados, que buscam conforto, contato com a natureza e, acima de tudo, um refúgio do caos das cidades grandes. Os dois principais resorts da cidade, Complexo Villas de São José (que inclui o Itacaré Village e o Itacaré Eco Resort) e Txai Resort, não medem esforços para agradar seus hóspedes e seguem à risca a proposta do turismo elitizado e preservacionista, oferecendo privacidade e comodidade num ambiente deleitável e um visual belíssimo. Mais afastados da cidade, a localização de ambos permite aos seus freqüentadores praias exclusivas, no caso do Complexo Villas de São José, pode-se até afirmar que particular, visto que para quem está fora do local é necessário fazer uma trilha de mais de duas horas para chegar às duas praias a que o resort dá acesso direto, a Prainha e a de São José.

Somando-se a eles, está previsto para outubro de 2009 a inauguração de mais um resort de alto padrão. Trata-se do Warapuru, que está sendo construído na praia da Engenhoca e vem trazendo grandes expectativas para o setor turístico da cidade.

Outro destaque para quem procura luxo e conforto é o Kiaroa Eco-Luxury Resort, abrigado em meio a uma reserva ecológica de 240.000m2 na Península de Maraú, situada a 31 km de Itacaré.

As praias

As praias localizadas perto da cidade são as mais freqüentadas e possuem boa infra-estrutura turística. As mais afastadas são lindíssimas e quase desertas, mas poucas oferecem acesso para carros. Algumas são tão pequenas e escondidas que nem constam nos guias turísticos. As principais são: Concha, Resende, Tiririca, Cosa, Ribeira, Pontal, Coroinha, São José, Prainha, Siriaco, Jeribucaçu, Engenhoca, Havaizinho, Itacarezinho e Serra Grande.

Aventuras Radicais

Itacaré tem se consolidado como um destino de Ecoaventura. O surf foi o primeiro grande atrativo. Hoje, a prática do esporte é muito visada na cidade, principalmente na praia de Tiririca, onde ocorrem vários campeonatos de surf.

Hoje é possível curtir Itacaré com muita adrenalina, contando com o apoio de guias especializados. Desde 1998, quando foi inaugurada a estrada que liga Ilhéus a Itacaré, tem aumentado bastante as atividades de aventura praticadas na região: parapente, rafting, rapel, cascade, mountain bike, bóia cross, caiaque, duck, off-road, arvorismo, entre outros. Outra excelente pedida são as trilhas. Muitas delas cruzam a Mata Atlântica, passando por cachoeiras e praias virgens. São roteiros inesquecíveis tanto para o trekking como para o montain bike.

Na cidade existem várias operadoras de turismo que oferecem uma grande variedade de roteiros de aventura, como a Base de Aventura, localizada na praia do Concha. De acordo com o proprietário, Mauro de Deus Tourinho, a Base oferece pacotes exclusivos, como passeios em lancha inflável, que oferece quatro opções de destinos, dentre eles o que leva até a base de rafting escolhida, navegando pelo Rio de Contas.

Empreendimentos imobiliários

Ter uma casa em Itacaré é para poucos. Não é a toa que famosos e grandes empresários escolheram a cidade do litoral sul baiano para construir seus refúgios particulares.

Tanto o Villas de São José como o Txai Resort disponibilizam terrenos ou casas já construídas para quem quer investir na região. A grande vantagem é que os donos das casas podem usar toda a infra-estrutura dos resorts.

No Villas de São José o comprador tem duas opções, com a própria administração do complexo ou com o novo empreendimento, Itacaré Paradise. No primeiro caso, a média do metro quadrado construído chega a R$1.700,00, sem contar o valor do terreno. Segundo Luciana Freitas, responsável pelas vendas dos lotes, o investimento de um bangalô tipo Cachalote, com duas suítes, é de R$ 272.000,00 e do tipo Gaivota, com três suítes, sai por R$ 315.000,00. Já o Itacaré Paradise vem trazendo um novo estilo de vendas de casas de veraneio. Utilizando o fractional, ou multipropriedade, a idéia é dividir o investimento entre 12 donos, onde cada um tem direito a utilizar a casa durante um mês por ano. Segundo o arquiteto Ademar Sá, um dos responsáveis pelo empreendimento, esses é o tempo médio que as pessoas freqüentam suas casas de praia. Além disso, os compradores já receberão as casas prontas, com móveis e decoração, e terão direito a serviço de hotel em suas residências. Serão oito casas de alto padrão, de 3 e 4 suítes e piscinas próprias. Para cada comprador, o investimento será de R$ 135.600,00 para as residências de 3 suítes e R$ 174.000,00 para as de 4, com prazo para até 28 meses.

O Txai Residences também disponibiliza casas de alto padrão em seu resort. São 26 lotes, sendo 22 com 2 mil m2, três com 6,5 mil m2 e um único com 10 mil m2. Desse total, 15 casas já estão construídas e apenas quatro estão à venda. O restante são apenas terrenos. De acordo com Raul Street, responsável pelas vendas desse lotes, hoje há apenas cinco à venda. Ele informa que o terreno chega a custar R$ 600.000,00 e caso o comprador tenha interesse, o Txai Residences já disponibiliza um pré-projeto, feito pelo arquiteto Marcelo Montoro, de uma casa com 400 m2 de área construída, cujo custo do metro quadrado construído está avaliado em 2mil reais.

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Onde ir?

Durante o dia, a cidade quase sempre fica vazia, mesmo em alta temporada. A maioria dos turistas está nas praias, o que torna as barracas de praia a melhor pedida. Entre elas, vale a pena degustar os quitutes da Cabana Maré Alta, na praia do Concha. No centro, um dos poucos restaurantes que ficam abertos durante o almoço é a Casa de Taipa, que serve comida a quilo diferenciada, com bastante variedade de sabores. Para quem quer provar a típica comida baiana, vale a pena parar no Restaurante da Tia Dete, também no centro.

Durante as noites, a agitação toma conta do centro. O grande destaque é a Pizzaria e Restaurante Espaço Brasil, dos paulistanos Henrique Ibañes e Fábio Valgas. As pizzas são bem recheadas, ao estilo paulista, e saborosas. Para beber, a dica é o Mojito, delicioso. Além de comida boa, o ambiente é descontraído, aconchegante, com uma decoração divertida e bem humorada, o que inclui uma kombi e um telefone público antigo. Tudo isso embalados pela excelente trilha sonora, escolhida pelos proprietários. Ali, todo mundo parece que se conhece desde a infância, tamanha a cumplicidade dos freqüentadores.

Outras sugestões são a Pizzaria Boca de Forno, localizado em um antigo casarão do centro da cidade com decoração bem baiana, e o Restaurante Dedo de Moça, que oferece cozinha contemporânea com toque baiano em um ambiente rústico, na parte mais antiga da cidade.

Para os mais animados, que procuram um lugar para dançar, a indicação é o Bar e Restaurante Mar e Mel. Todas as terças, quintas, sábados e domingos a partir das 21h têm Forró Pé de Serra ao vivo.

Como ir?

De Barco

A viabilidade de chegar de barco é boa. No caso de barco a vela, é recomendado vir com vento a favor (NE) no verão. De lancha rápida, o tempo é bem mais curto, mais ou menos cinco horas de navegação. Os pontos de paradas podem ser: Morro de São Paulo, Barra Grande e finalmente Itacaré.

De Carro

Existem várias opções para se chegar de carro a Itacaré. Indo pela BR-324 em direção a Feira de Santana, vira-se a esquerda na BR-101 em direção a Ilhéus e Rio de Janeiro. A BR-101 está em condições médias e é preciso muita atenção em sua pista de mão dupla. Já na BR, há duas opções de trecho a seguir até Itacaré. Se você possui uma caminhonete ou um veículo 4x4, é possível seguir na 101 até a pequena cidade de Ubaitaba. Passando ela, após uma ponte, há um acesso direto para Itacaré, à esquerda. Esta estrada, porém, é de terra está em péssimas condições. Serão 40 km de muita aventura e preocupação.

A opção recomendada é seguir na BR-101 até o acesso a Uruçuca. Preste bem atenção, pois a placa que o indica está bem danificada. A entrada fica 32 km após Ubaitaba. Entrando nesta estrada, a BA-262, que é ótima por sinal, você segue direto até Ilhéus. Chegando lá você verá uma grande placa a sua esquerda indicando o acesso para as praias do Norte. Entrando neste novo caminho, serão mais 65 km até Itacaré. Indo por este trecho recomendado, a ida Salvador-Itacaré terá 470 km.

Outro meio de ir a Itacaré é pegando uma balsa até Valença, saindo de Salvador, e então descendo a BA-001 até Camamu. Nesta cidade, pega-se outra balsa até Itacaré.

Está prevista para o final do ano a construção de uma ponte que ligará Camamu a península de Maraú e esta até Itacaré. A expectativa é que essa nova ponte diminua o tempo de ida de Salvador até Itacaré em 3 horas.

De Avião

O aeroporto mais próximo de Itacaré é o de Ihéus. Ele é servido por vôos diários da GOL e da TAM originários de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. O preço médio da passagem Salvador – Ilhéus é de R$250,00. A maioria dos hotéis possui serviço de traslado.

APA Itacaré Serra Grande

Itacaré possui uma Área de Proteção Ambiental (APA) de cerca de 16 mil hectares, ocupando uma faixa litorânea de aproximadamente 6 km de largura por 28 km de comprimento. A APA Itacaré Serra Grande foi criada em 1993 pelo Governo do Estado da Bahia com o objetivo de proteger o rico patrimônio natural da região e incentivar o uso equilibrado dos recursos naturais.

Com regras rígidas para ocupação do solo e o impedimento legal de derrubar qualquer vegetação, não apenas a chamada primária, mas também os trechos em estágio de regeneração, toda a região foi estudada e ficou definido metro a metro onde se pode construir e como. A baixa densidade de leitos, por exemplo, é uma obrigação que, se não cumprida, pode levar ao embargo do hotel.

(Texto publicado na revista Yacht de setembro)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Reportagens antigas...

Vou começar a fazer o que já deveria ter feito há muito tempo: postar aqui no meu blog as minhas matérias mais legais...
Quem tiver interesse (e um pouquinho de paciência... rs), fique à vontade!!!!
Para começar, uma matéria sobre comportamento publicada na edição de novembro da Revista Yatch.

Ter ou não ter, eis a questão

Pesquisa revela o crescimento do número de casais que optam por não ter filhos


“Não ter filhos é ter inteligência”, defende a médica Angela Sampaio, 47 anos. Embora pareça exagero e até mesmo uma opinião polêmica, ela explica que esse pensamento não se encaixa a todo mundo, apenas àqueles que realmente não querem ter filhos e assumem essa postura. Angela, que já foi casada duas vezes e atualmente namora um inglês, conta que tomou essa decisão desde criança, pois sempre quis se dedicar aos estudos. “Fiz um acordo com Deus e pedi dispensa a Ele do papel de mãe. Até acho que existem pessoas que conseguem conciliar a maternidade com outras atividades, mas certamente é muito mais difícil e demorado e eu não queria isso para mim”, explica.

A bancária Renata Vergili, 40, também optou por não ser mãe. Casada há 18 anos, ela conta nunca teve vontade de ter filhos. “Sempre tive família grande, muita gente, e gosto da minha liberdade. Meu marido tem dois filhos do primeiro casamento e me deixou bem à vontade quanto a minha decisão”, diz.

Para o funcionário público João Marcos Nogueira Pereira, 34 anos, casado há mais de cinco anos com Neila, 33, a decisão surgiu naturalmente ainda durante o namoro. “Foi algo sem brigas ou tentativas de convencimento de uma das partes. Eu não consigo me imaginar como pai, da mesma forma que minha esposa não consegue se imaginar como mãe”, conta.

Esses três personagens fazem parte do crescente número de pessoas que, mesmo sem ter detectado nenhum problema para engravidar, optam por não procriar. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, de 1997 para 2007, a porcentagem de casais sem filhos em relação ao total dos arranjos familiares cresceu de 12,9% para 16%. Os dados apontam ainda para a diminuição no número de casais que optam por ter filhos. Em 1997, cerca de 56% dos arranjos familiares tinham filhos. Em 2007, esse número passou para cerca de 48%.

Embora os dados não permitam separar os casais que não podem ter filhos daqueles que não querem, os especialistas garantem que esse último grupo é uma tendência.

Para o médico psicoterapeuta (analista transacional) e educador Antonio Pedreira, que atende casais há 30 anos em seu consultório, as razões são as mais diversas (veja Box). “Há desde aqueles que se acostumam com a ‘solteirice’ até outros que são viciados em drogas e não querem abrir mão do vício”, conta. Ele conta, inclusive, que há as abortadoras em série, que são aquelas mulheres que não tomam o devido cuidado e depois pagam para ‘resolver o problema’.

No caso de Angela, a vontade de se dedicar aos estudos e a sede por conhecimento a fez tomar essa decisão. “Hoje além de continuar estudando bastante, assuntos médicos e de autoconhecimento, surfo, emprego bem o meu tempo, sinto-me útil às pessoas e acabei de terminar o meu primeiro livro, que para mim é meu filhão”, diz empolgada.

Para Renata, desde que soube que era mulher e que poderia ser mãe descobriu que não era ‘sua praia’. “Sempre trabalhei muito e acho que filhos é uma opção de vida muito séria, tipo que ou você é mãe ou não”, afirma. É a mesma opinião de João Marcos e sua esposa. “Um filho exigiria um nível de dedicação e comprometimento que nós não poderíamos dar, já que ambos trabalhamos fora. Se for para ter um filho e deixá-lo nas mãos de uma babá ou numa creche, é melhor nem tê-lo”, critica. Segundo João Marcos, a motivação econômica também pesa, ainda que em menor grau. “Criar um filho hoje é uma tarefa que demanda além de tempo, muito dinheiro. E as coisas não estão fáceis hoje em dia. Se colocarmos na ponta do lápis as despesas que um filho gera, fica fácil entender porque se deve pensar muito antes de se decidir em tê-lo”, completa.

Arbítrio e Preconceito

Para Angela, apesar de haver cobrança em relação aos casais sem filhos, hoje há mais liberdade de escolha. "Atualmente está mais comum as pessoas escolherem não ter filhos do que quando eu me casei há muito tempo”. Nas gerações passadas, o filho fazia parte do 'pacote' do casamento. “Se o casal não tinha, a primeira coisa que pensavam era que um dos dois tinha algum problema. E mesmo eu dizendo que era uma decisão minha e era muito feliz por isso, eu percebia o olhar de desconfiança dos outros”, relata. Renata diz que não liga muito para a opinião dos outros e nunca percebeu o preconceito. “Se sofri não dei muita bola ou não prestei atenção, pois não ter filhos é uma opção minha, então porque sofrer, certo?”

João Marcos conta que o casal ainda não sofreu nenhum tipo de preconceito aberto. “Talvez pelo fato de poucas pessoas saberem de nossa decisão. Algumas pessoas com quem convivemos às vezes perguntam, em tom de brincadeira, quando virá o herdeiro. ‘Só quando as galinhas criarem dentes’, costumo responder”, afirma com bom humor. Ele explica que quando as perguntas têm um tom mais formal, desconversa ou diz que ainda é muito cedo. “Para algumas (poucas) pessoas, abrimos o jogo. O que me irrita, às vezes, é quando perguntam à minha mãe quando ela terá netos, como que se ela tivesse alguma coisa a ver com o assunto. Pelo menos, sabiamente ela sempre responde: ‘Não sei, pergunte aos dois’", diz indignado.

Para o dr. Pedreira, o preconceito ainda existe, principalmente nas cidades do interior. “É a cobrança do que eu chamo de ‘pai social’, uma entidade invisível que representa a sociedade em geral, que está sempre julgando os outros e faz uma censura difusa”, esclarece. Ele também explica que o peso da tradição ainda é muito forte. “Algumas pessoas têm filhos sem se questionar se é realmente isso que querem. O fazem só porque foi instituído que um casal deve ter herdeiros. Mas a maternidade ou paternidade deve ser uma escolha patenteada numa vocação, um chamamento interior”, defendo o médico.

Mas e o medo de se arrepender depois? Os três personagens afirmam com veemência que não têm esse receio. “O risco de arrependimento é intrínseco em qualquer grande decisão que tomamos em nossas vidas. Há muitos casais com filhos, que se pudessem voltar atrás, optariam por não tê-los ou tê-los em menor quantidade. Não pretendemos mudar de idéia. Até porque já fiz vasectomia (em 2004) e a cada dia que passa ficamos mais convictos de quão acertada foi a nossa decisão”, conta João Marcos. Para Angela, não há como se arrepender de uma decisão tão acertada. “Sou muito feliz, faço tudo o que quero e não sinto falta de ter filhos”, afirma.

Segundo dr. Pedreira, é comum casais que se arrependem de não ter tido filhos. Quando isso ocorre, há as opções de adoção e, no caso do homem, de procurar uma mulher que deseje e tenha a possibilidade de gerar um filho.

10 razões apontadas como motivações para não ter filhos, segundo o dr. Pedreira:

  • - Curtir a vida como se fosse solteiro(a), sem compromissos e sem horários;
  • - Um dos dois tem algum trauma, geralmente a mulher (pode ser a irmã que tem vários filhos e vive reclamando da vida);
  • - Casal altamente preocupado com o futuro do mundo, geralmente tem uma visão apocalíptica, pessimista. Tem consciência ecológica, fundamentalista (da perseguição de um mundo perfeito);
  • - Segunda ou terceira união e um dos cônjuges já possui filhos, tirando a responsabilidade do outro;
  • Não querer correr o risco de gerar uma criança com ‘defeito’, pois acima dos 35 anos a probabilidade de ter um filho excepcional é de 1%, e acima dos 40, é de 3 a 5%;
  • - Presença de cardiopatia na mulher, o que gera um risco muito grande durante a gestação;
  • - Motivos econômicos. O casal não quer ter essa despesa (um filho custa, até os 18 anos, um apartamento de luxo com quatro suítes) ou tem dificuldades financeiras, já mora de favor, por exemplo;
  • - Falta de vocação para ser mãe, que induz o homem a não querer ter um filho mal assistido;
  • Presença de estigmas de doenças mentais, com histórico de doenças genéticas na família, como esquizofrenia ou transtorno bipolar;
  • - Conjunto de fatores: trabalho e estudo, já que um filho pode prejudicar na hora de ganhar uma bolsa ou uma transferência ou promoção; usuários de drogas que não querem abrir mão do vício por um filho.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sem palavras...

Para ser grande, sê inteiro


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis, Odes 14-2-1933